sexta-feira, 23 de setembro de 2011

PARA TI AVÔ:

Despedi-me de ti no hospital com um beijo na tua testa, como sinal de respeito e amor que eu senti e sentirei sempre por ti!
Sem nem mesmo entender muito bem o que ia acontecer, só pedia e torcia para dentro de mim, que tu superasses esta, porque eu sempre acreditei até ao último minuto que tu sobreviverias e melhorasses, mas foi então, ao outro dia que me disseram a última notícia que eu podia ouvir, que tu tinhas partido, que tu me tinhas deixado sem eu te poder dizer um outro AMO-TE antes de partires, fiquei a pensar ele me deixou aqui, mas ele estava sofrendo cá em baixo, penso que o melhor foi tu partires, mas penso também que eu precisava aqui de ti, que precisava das tuas palavras para me animarem, que precisava da tua voz para me avaliarem quando eu cantava para ti, precisava de um sorriso de novo, precisava de ouvir novamente eu ADORO-TE MINHA NETINHA, dói muito saber que já nada disto é possível, mas consola-me por outro lado o facto de saber que passei muito ao teu lado, que passei momentos bons, momentos menos bons, mas pelo facto de saber especialmente que conheci uma pessoa como tu!
Contigo entre muitas lições de vida, aprendi a sorrir, todos os dias, todas as tardes, eu te ouvia, eu ouvia as tuas histórias, eu via o sorriso na tua cara de felicidade.
Sempre admirei o facto de como o teu pensamento te fazia ultrapassar as barreiras difíceis e enganadoras, mas tu davas sempre a volta por cima até à última hora.
Nesta hora percebo como a morte de alguém tão próximo nos dá acesso imediato a tantas lembranças ocultas e selectivas, como se estas fossem slides que apenas aguardassem o momento exacto para serem projectados em nossa memória.
No primeiro deles, um homem forte e sorridente, a olhar para mim com uma menininha pequenina, como se fosse ainda um bebé.
Lembro-me daquelas tardes, de quando jogávamos à malha todos, das nossas férias na praia vovô, lembro-me das nossas tardes na pastelaria, das tardes e que eu era pequenina e ia para ao pé de ti para o oficina, era tudo tão certinho, era tudo tão impossível de acontecer, era tudo tão bom.
Queria poder voltar a esse tempo, mas o tempo não volta atrás, o tempo não recua, por isso existem as recordações, de uma vida passada
Difícil apagar a imagem de alguém que fez tudo por mim, que sorriu até ao último minuto, que lutou pela vida até não ter fôlego, que deu todo o seu amor à sua família e a todos os que o rodeavam.
Por isso avô com este texto decidi fazer-te esta homenagem com todo o me carinho, respeito, saudade, pensamentos e recordações

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